Na última semana, desde o resultado das eleições directas no PSD, tenho estado a tentar decidir o que pensar sobre o nosso novo líder, Pedro Passos Coelho.
Convém, antes de mais, clarificar que a minha preferência estava em José Pedro Aguiar Branco, por considerar ser o mais bem preparado para ser Presidente do PSD e Primeiro-Ministro e, tão ou mais importante, por me parecer ser o único com condições pessoais e profissionais para desempenhar estes cargos com o desprendimento e independência desejável neste tipo de funções.
Quem me tenha ouvido falar de Passos Coelho sabe que frequentemente o apelidava de "um Sócrates de segunda". E as semelhanças não são muito difíceis de encontrar, desde o facto de a quase totalidade do seu currículo serem cargos políticos, à imagem pública cuidadosamente construída, até ao pormenor das gravatas azuis claras, tão na moda desde que Obama as começou a usar.
Para além disso, sempre apontei a Passos Coelho o facto de ele mudar de opinião com alguma frequência e de, nos últimos anos, já o ter visto demasiadas vezes a defender uma coisa e o seu contrário.
Finalmente, parece-me que Passos Coelho não é social-democrata, é liberal, apesar de não ter a certeza se ele próprio está muito convencido disso, já que também não é muito coerente neste aspecto nas ideias que defende.
Em todo o caso, Pedro Passos Coelho foi eleito líder do partido com uma votação bastante expressiva e, devo dizer, gostei do seu discurso de vitória. Ao colocar-se numa posição de responsabilidade e de promotor de estabilidade, acalmou imediatamente o receio que tinha de haver uma ambição de fazer cair o governo o mais rápido possível.
A minha expectativa e desejo é que Passos Coelho venha a conseguir resolver a crise de identidade em que o PSD se encontra, entre bases e elites, socais-democratas e liberais, conservadores e progressistas, e assim construir a tão desejada unidade e credibilidade do partido. O mais difícil será fazer tudo isto sem destruir o pluralismo que é necessário para conseguir chegar a um eleitorado que vai desde o centro-esquerda até aos cristãos-democratas. Só assim o PSD conseguirá estar em condições de ganhar eleições e de governar o país.