28.2.11

 


Quando é que o PSD larga o "SD" e passa a ter "LD" ou um "LC"?

 

LinkUma ideia de Pedro Miguel S.M. Rodrigues, às 00:54  Opinar

23.1.11

Este post vai ser escrito sem preocupação de linguagem, sem preocupação de arranjo gramatical ou de algum tipo de sintaxe que deva fazer sentido; este post será apenas um mero raciocínio sem cessar sobre o que me causa tanta tristeza e revolta neste regime político que nos (des)governa todos os dias, todas as semanas, todos os meses e todos os anos. Sem qualquer tipo de preocupação de rigor jurídico, porque a hora pesa e o sono ganha a sua batalha.

 

Nos tempos antigos da República Romana, o Direito, o Ius, era criado através da auctoritas dos iurisprudentes, num labor jurisprudencial criativo que se baseava num saber socialmente reconhecido completamente independente de qualquer base ou pressão política. Através da figura do Pretor, o Ius, o Direito, era aplicado mediante o caso concreto, evoluindo com a evolução da sociedade, não ficando preso ou agrilhoado na redoma cristalina da lei escrita. Por outro lado havia a Lex, que através do imperium, o poder político, que, através (maioritariamente) dos Cônsules aplicava as decisões tomadas no Senado ou nos comícios populares. Durante toda a República Romana, o que hoje chamamos de Direito, era criado, aplicado, desenvolvido pelos iurisprudentes que através do seu saber socialmente reconhecido ditavam as regras do jogo jurídico. Do mundo jurídico, para o mundo político, a República Romana "vivia" na base das magistraturas romanas e, concretamente, do cursus honorum. Não havia um único titular do poder político, não havia um governo como hoje em dia conhecemos, não havia Estado como hoje o concebemos e pensamos. Havia cinco magistraturas, todas elas com poderes diferentes, mas todas elas sujeitas a princípios estritamente republicanos romanos: intercessio, poder de veto sobre as decisões dos seus colegas; colegialidade, pelo menos dois magistrados por cada cargo; anualidade, um mandato de apenas um ano sem possibilidade de recandidatura. Era uma construção que se baseava numa ideia muito clara e muito cara aos romanos: a separação entre o ager publicum e o ager privatus, entre o erário público e o erário privado. Através dos mores maiorum, dum costume praticado e reconhecido como válido, vindo de antepassados longínquos e praticado por várias gerações seguidas, a corrupção era vista como um crime grave, dos mais graves da República Romana. Todos os magistrados tinham que prestar contas perante o Senado, antes da eleição e depois da eleição, dos actos cometidos por si; e tribunais ad hoc podiam ser constituídos para os julgar. Assim se vivia na Roma Antiga, nos idos da República Romana.

 

Em Portugal, a porcaria desta choldra torpe cada vez mais entristece e revolta. Os "donos do Estado Social", aqueles que proclamam a alta voz que vão defender o Estado Social, que o querem proteger das investidas mortíferas de uma qualquer Direita liberal que quer destruir as conquistas do 25 de Abril; são aqueles que destroem o Estado Social que eles próprio construíram e trataram de o destruir com a sua estupidez ignorante. Os velhos raquéticos que enchem colunas de jornais, espaços de opinião, profetizam e disparam das suas bocas para fora autênticos insultos intelectuais ou simples contra toda uma geração de 20 ou 30 anos que vai ter uma mesquina e comezinha reforma só porque esses velhos raquéticos vivem num mundo aparte sem qualquer tipo de ligação com o mundo de hoje em dia. A Politica está tomada pela Lex, pelo imperium, pela corrupção desmedida, gritante e sem vergonha; o aparelho partidário destrói qualquer semente de ideologia pura e de correntes de pensamento que colocam o interesse geral da comunidade à frente dos interesses privados ou partidários. A Política está raptada por bandos à solta de demagogos, de populistas, de desavergonhados que apregoam números fantásticos de consolidação orçamental ou de leilões de dívida carregados de sucesso; quando não passam de um bando de mentirosos que atiram areia aos olhos de um povo enganado durante estes anos todos. A Política está dominada por uma forma de exercício do Poder que não é legítima nem democrática; é o estrume que rodeia a cadeira putrefacta do Poder a contaminar os abutres que a desejam com um sorriso maléfico na cara, que a rapinam à procura de benefícios próprios espalhando a miséria pelo povo e pela classe média que vive cada vez mais estrangulada por políticas completamente surrealistas. Portugal caminha alegre e docemente para o abismo da falência finanenceira e democrática, anestesiada pela nova forma de censura do século XXI nacional: o politicamente correcto. O politicamente correcto quer silenciar as vozes que, desesperadamente, tentam alertar para os perigos da situação actual; o politicamente correcto compõem frases, posts, comentários, perguntas e respostas; o politicamente correcto diaboliza e classifica de "pessimistas", "bota abaixistas", livres pensadores sem qualquer tipo de apego ao Poder e aos benefícios que o seu estrume traz; o politicamente correcto protege os mais débeis, aqueles que vivem do Poder para o servir incondicionalmente sem espírito crítico ou uma alma livre, venderam-lhe o seu espírito para nunca mais serem livres. A (in)governabilidade deste país é atroz da maneira crua e nua como se apresenta todos os dias, com todas aquelas figuras que se pavoneiam num qualquer programa de Televisão, endeusando um Governo que mais não é do que um bando de artistas amadores que só provoca trapalhadas e mais espectáculos; ou endeusando uma Oposição que mais não é do que o prolongamento da incompetência que inunda o Parlamento e os Ministros que fingem ser competentes, mas que não passam de um bando de bem-intencionados (espera-se) que não sabe ao que vai ou o que faz.

 

Na República Romana, a vida política degradou-se a um ponto de não-retorno quando o luxo se começou a concentrar-se nas mãos de uma oligarquia patricio-plebeia que ocupava, quase sempre, os lugares do cursus honorum ou os lugares do Senado. Eram sempre os mesmos, as mesmas famílias, porque onde há Estado, há corrupção; e onde há corrupção, há Estado. Portugal está num processo acelerado de degeneração bastante parecido com o final da República Romana, valha as diferenças assinaláveis entre períodos históricos. A política nacional está refém da corrupção, do compadrio, do "amiguismo partidário", das lutas de galos para lideranças ou para lugares comezinhos dentro do grupo parlamentar ou nas comissões parlamentares. As discussões parlamentares são um chorrilho de asneiras, de mentiras, de idiotices, de parvoíces, de puro engano contínuo ao povo ignorante e mal-esclarecido, que lá sabe o que é contabilidade pública e contabilidade nacional; que lá sabe que a taxa de desemprego é calculada de duas formas distintas; que lá sabe que o SMN tem diferenças entre países; que lá sabe os arranjos e arranjinhos feitos naqueles corredores e noutros corredores. O descrédito da política é proporcional aos atentados mortíferos contínuos lançados a algo a que se chama "ética republicana". Ética essa que mal consigo entender o que seja, provalvelmente, diz-me a minha ignorância, será mais uma construção ideológica daqueles que posteriormente se serviram das suas próprias concepções ideológicas, para depois a desvirtuarem ao sabor do que lhes mais conviesse. O descrédito da política progride exponencialmente à medida que a mentira se torna um hábito instalado, um mores maiorum moderno na política portuguesa, encorajando os cidadãos, os indivíduos da comunidade, a sentirem-se inúteis porque vêem que o seu voto não ajuda a mudar rigorosamente nada. A partidocracia também não ajuda, quando devia ajudar: vivemos numa permanente esquizofrenia partidária onde o partido que se diz socialista, na verdade nem isso o é; e o partido que se classifica de social-democracia, na prática nem isso é. A esquerda é raquética, antiquada, chata, teimosa e uma inutilidade originária e superveniente: por um lado os comunistas, autênticas cassetes mumificadas no tempo, parados antes da queda da URSS esquecendo-se que nos idos de Estaline e de Mao mataram-se umas quantas dezenas de milhões de pessoas, e que o tipo de economia que defendem simplesmente é, de uma forma atroz, utópica e irrealizável; do outro, os bloquistas, os revolucionários da vida, os insatisfeitos do costume, os defensores do deboche contínuo às tradições de um país quase milenar (um quase bastante grande, há que ser dito), um anti-partido que apenas ganha expressão em tempos de crise, um voto inconsciente de revolta feito de cabeça quente. Do espectro ao lado direito do PSD, um partido supostamente de Direita, mas que na verdade não o é. Direita Liberal não existe em Portugal, ou se existe anda muito bem escondida. Nos idos da República Romana havia dois lados ideológicos bastante bem definidos, não havia cá partidos, havia sim candidaturas individuais e até o magistrado responsável pela Justiça, o Pretor, era eleito pelo Populus Romanun. Se este país à beira-mar plantado quiser que a sua partidocracia viva e sobreviva com pujança precisa de um realinhamento forte e profundo: precisa de uma verdadeira Direita Liberal que seja verdadeiramente liberal; e uma esquerda pujante que seja capaz de aderir a um tipo de socialismo, no mínimo, realista e prático. Independentemente da minha simpatia pessoal, qualquer país, especialmente o nosso, precisa urgentemente de uma clivagem ideológica forte que dê uma oportunidade real às pessoas de escolha. Senão caímos no ridículo de repetirmos os idos finais da Monarquia Constitucional, em que os dois maiores partidos era um único, mas dois supostamente diferentes que, no momento de exercício do Poder, equivaliam-se na sua degenração contínua.

 

Este País precisa de ser reformulado, de ser reformado, de ser reinventado. A maioria das soluções esbarra com uma Constituição programática, de esquerda, forjada nos excessos marxistas, nos excessos bacocos de uma estupidez instalada, que nenhuma das revisões constitucionais conseguiu expurgar. Não me venham com histórias da carocinha de que a CRP não é o problema, que a sua reforma não é necessária. Não me venham com essas tretas porque a minha paciência para tal é cada vez menor; a CRP é um problema gravíssimo no meio de todos os problemas nacionais. Se se construiu um sistema jurídico em que a CRP surge como o topo de uma pirâmide legal, de hierarquia de leis, então não me venham com tretas ignorantes, ou com mentiras bem colocadas. Sem uma CRP verdadeiramente neutra nas opções ideológicas, dando total liberdade a cada Governo de aplicar as medidas que importam e que interessam, não é possível reformar o que deve ser reformado. Clama-se em altos berros que é preciso proteger o Estado Social, que tem que se preservar essa conquista, que mais não sei o quê. Ora bem, isso para mim é tudo treta, é tudo conversa fiada, é venda da banha da cobra, é puro lixo ideológico. Eu quero lá saber o que se passava em 75 e 76, apenas quero saber como é que o sistema surgiu, e ele surgiu assente em pilares que hoje em dia estão quase a ruir por completo. Proteger e defender o Estado Social não é afirmar, aos altos berros, clamando numa voz sonante e diante da cátedra onde se encontra, que têm que se manter as políticas, que não se pode tocar nas "vacas sagradas" do Estado Social, bla bla bla. Pois é, meus iluminados bacocos e sem noção da realidade, esse é o melhor passo para destruir o Estado Social. Querem reformá-lo a sério? Então mexam nos seus pressupostos de base, adaptando-os a uma realidade mutante que já não tem nada a ver com os anos dourados de 60 e 70 onde estavam as razões para o florescimento desta pirâmide D.Branca que é o Estado Social. As reformas neste rectângulo plantado à beira-mar correm o sério risco de nunca serem levadas a cabo, porque o sistema alimenta-se a si próprio. Como um corpo, rejeita o vírus da mudança utilizando todos os seus anti-corpos para o expulsar: o corporativismo exarcebado impede sempre, de alguma forma, o desencadear e a aplicação de reformas que visam o bem-estar da comunidade no médio/longo prazo. Vivemos num país condenado ao seu suicídio colectivo, que se impede a si próprio de ser reformar e que diagnostica para si próprio a trágica inevitabilidade de entrar em falência continuada. Falência essa que irá matar o sistema democrático, substituindo-o por outro que não faço a mínima ideia que seja.

 

Não se pode importar o sistema da República Romana, ipsis verbis, mas podem-se importar as suas ideias fundamentais. Uma política expurgada de corrupção, uma política com ética em que o erário público não se confunde com o erário privado; uma política que não se mistura com a Justiça, expressão do Ius e não da Lex. A verdade é um bem e um dom que não deve ser desbaratado invocando-a constantemente, para depois nas suas costas violá-la ferozmente. A verdade é um referencial de actuação, a sinceridade deve ser ingénua porque apenas essa permite comunicar com honestidade à comunidade, explicando-lhe porque deve confiar; formando assim  abase de surgimento da confiança que funda o Poder, o bom Poder que não está dependente de abutres que rondam a cadeira putrefacta. Este país está raptado por almas humanas que se acham os donos do regime, que declaram que sem eles tudo voltará atrás, aos tempos sombrios de uma qualquer ditadura deposta e que deu lugar, nos primeiros anos, a histerismos colectivos e ideológicos próprios de uma Nação onde abunda a estupidez e a iliteracia. Este país só se safa quando a meritocracia for uma prática instalada e aceite como obrigatória e boa para a comunidade; onde as crianças se safam na escola devido ao mérito de um trabalho continuado e esforçado, com exames contínuos porque a vida é uma constante avaliação sobre pressão do mundo à nossa volta, e não através de passagens administrativas ou de programas educacionais softs e sem qualquer tipo de exigência. Este país só se safa quando essa entidade estranha de seu nome Estado se aperceber que se tem que comportar de uma forma empresarial, que não pode sempre dar prejuízo, que tem que procurar o lucro, para que através desse lucro a comunidade sinta que vale a pena pagar impostos. Este país só se safa quando a minha geração se der conta do prejuízo que a geração do 25 de Abril lhe está a provocar; este país só se safa quando a minha geração ganhar a guerra que trava, de forma surda, contra aquela geração que edificou um Estado Social que apenas serve aqueles que já lá estão. Este país é para aqueles que já estão dentro do sistema, e não para aqueles que estão fora. É preciso que aqueles que estão de fora se revoltem com força e com vigor para alterar a podridão a que chegou Portugal; esta podridão secante e majestosa na sua degradação moral e política, que causa danos a médio/longo prazo na comunidade nacional.

 

 

Posto isto, vêm aí as eleições presidenciais. Não me venham com histórias, com candidatos como estes, que raio vou eu fazer à urna de voto? Contribuir para esta palhaçada contínua com estes actores? Epa que venha uma revolução, uma daquelas verdadeiras, e o mais rapidamente possível!! Esta treta já farta e já cheira mal. Ponto.

LinkUma ideia de Pedro Miguel S.M. Rodrigues, às 03:57  Opinar

1.5.10

Prosseguindo com a maratona de reflexões produzidas ao sabor de uma cidade enregelada, embrulhada numa temperatura amena de dezenas de graus negativos, eis o segundo episódio, retirado dos baús do disco rígido:

 

"Um político deve ser medido de várias formas, e uma delas deve ser a forma como fala ao povo: a sua genuidade, a sua sinceridade. E que sinceridade podemos nós encontrar num discurso previamente estruturado por uma data de assessores, cujo único objectivo é apenas, agradar? Dificilmente encontramos alguma sinceridade por detrás daquelas palavras, tão só por esta razão: porque não é genuíno. Não se deve rejeitar a opinião de que um discurso bem estruturado é uma poderosa arma de convencimento junto do povo, quanto a uma medida ou a um rumo; mas o que se deve rejeitar é que esse mesmo discurso seja estruturado até certo ponto em que o seu único objectivo seja manipular os seus ouvintes num determinado sentido, retirando qualquer genuidade ao discurso. Porque, assim parece, deve ser colocada uma questão, que se pretende pertinente – onde se encontra mais sinceridade: num discurso previamente preparado ou num discurso de capela?

 

Por vezes, consegue-se assistir a um fenómeno que faz espécie, por ser estranho. Uma aversão às palavras, uma aversão à utilização sincera das palavras. Não se usa porque não é “politicamente correcto”. Politicamente correcto? Por respeito ou por medo de usar a verdadeira palavra, que verdadeiramente exprime o verdadeiro sentido do pensamento? Muitas das vezes, parece que é a segunda hipótese, tão só porque, mais tarde, esse mesmo político acaba por dizer o oposto do que tinha dito da primeira vez. E isto também se passa nos tais discursos estruturados ao milímetro: através da escolha premeditada de palavras, sujeita-se a que as verdadeiras palavras sejam postas de parte e outras, mais suaves e mais “politicamente correctas” sejam escolhidas, desvirtuando a sinceridade da mensagem que se pretende transmitir.

(...)

 

Por vezes, pensar torna-se um acto irreflectido e inesperado e falar ao mesmo tempo o que se pensa, ali no momento, o discurso torna-se automaticamente genuíno. A escolha das palavras é automática porque tem que ser feita no segundo; as palavras são sinceras porque são a expressão do pensamento do momento; a genuidade surge e fica porque o político tem que dizer aquilo que realmente pensa, não poupa nas palavras – naquelas que deve usar, como expressão perfeita do seu raciocínio. Um político que seja capaz de se expressar bem quando pressionado por microfones ou por uma plateia adversa, que seja capaz de impôr as suas ideias – as suas palavras, reveladoras unicamente do seu pensamento e daquilo que realmente pretende – então será um político genuíno e sincero.

(...)

 

porque é extremamente complicado conseguir vingar num país onde a sinceridade, assim parece, é mal vista ou mal encarada. Mas a grande maior parte das vezes, mal compreendida exactamente porque é mal explicada; exactamente porque não houve uma prévia preparação da melhor maneira de falar sobre ou, então, um estudo mínimo do tema. Mais, não só um estudo mínimo do tema para o que o político seja capaz de albergar as várias pontas soltas, como também deve ser capaz de destruir os argumentos do adversário. E essa destruição, que se quer positiva e construtiva, deve ter em conta aquilo que o nosso adversário na arena política defende.(...)

O que se pretende dizer é que um político, qualquer que ele seja, só é capaz de ganhar as batalhas políticas se for: sincero nas palavras que usa, como expressão genuína do seu pensamento; se se conhecer a si próprio, e esse conhecimento apenas poder advir da sua capacidade de pensamento próprio, de reflexão e estudo sobre os temas numa constante aprendizagem, e numa expressão sincera através de palavras; se conhecer o seu adversário, as suas propostas – virtudes e defeitos - , expondo os defeitos e as consequências dos mesmos.

 

No fundo, pensar pode por vezes ser um acto irreflectido que se exterioriza em palavras que o nosso sub-consciente, ou se se preferir, inconsciente escolhe no momento, aqueles segundos em que é interpelado e tem que pensar sobre o assunto, sobre aquilo que previamente já sabe. E a política, o discurso político, deve ser uma das maiores expressões de genuidade e de sinceridade do homem político. É absolutamente necessário conseguir recuperar a credibilidade da política, e isso deve ser feita através da adopção de um outro modelo de discurso. Não aquele planeado e escrito por uma data de assessores; mas sim aquele feito no momento, com sinceridade e sem medo de escolher as palavras certas. Escolha essa que não é feita por nós, mas sim de forma automática e inconsciente pelo nosso cérebro: ai está o porquê de ser tão genuíno, porque nós não o controlamos racionalmente. Porque ficamos sujeitos ao erro, e a sujeição ao erro é elemento indispensável da busca da sinceridade e da genuidade. Se se tem medo de errar, então recorre-se a discursos escritos por assessores, com todas aquelas lindas e espectaculares frases pomposas. Se não se tem medo de errar, sabendo-se de antemão que o erro faz parte das nossas vidas, então não se tem medo de ir para uma arena adversa e esgrimirmos os nossos melhores argumentos para convencermos aqueles espectadores que nos olham com desconfiança e desprezo"

 

Como sempre, correndo o risco de ser utópico ou politicamente incorrecto, mais uma reflexão nocturna para os estimados leitores...

LinkUma ideia de Pedro Miguel S.M. Rodrigues, às 01:14  Opinar

4.4.10

O que se pode pedir num primeiro post? Pois bem, parece-me útil repescar um velho pensamento feito numa noite enregelada de uma cidade coberta de neve, num país acolhedor com bons aquecedores no quarto e passo-me a citar a mim próprio...

 

"Aquilo a que se chama uma “redefinição ideológica” pode, por vezes, parecer a discussão sobre o sexo dos anjos. Especialmente quando se pensa em tal assunto num país anteriormente soviético onde o frio impera; e especialmente quando, com essa expressão, se pode tentar visar um projecto pessoal de poder pelo poder. A tal “redefinição ideológica” por vezes deve ser vista como um objectivo comum de uma associação de indivíduos que tenta frisar e atingir o seu objectivo comum: num partido, conquistar o poder e servir a comunidade de forma eficiente e prestável. Mas para que isso seja possível é preciso que esse grupo de homens e mulheres tenha pensamentos estruturados e comuns; ideias que façam sentido e que acreditem de alma e coração; planos que sejam possíveis de ser estruturados no momento específico em que aparecem, mas sempre com a noção de que, por vezes e devido à situação do caso concreto, têm que ser adiados ou reestruturados. Quando se atinge o caos desordenado e onde se zangam as comadres; onde o líder de cada feudo apenas olha pelo seu pequeno castelo e arrigementa os seus homens para tentar conquistar o castelo maior em cima da colina; a “redefinição ideológica” deve servir para encarreirar de novo o grupo na direcção de que nunca deveria ter saído, através do surgimento de uma nova geração de líderes que, naturalmente, trarão consigo novas ideias. Ideias essas que devem ser adaptadas ao tempo em que são apresentadas, sempre com o pensamento e o bom senso de não serem imutáveis por mera teimosia pessoal.

 

Diz o povo, “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. Por vezes o povo tem razão, noutras parcialmente razão, mas raramente lhe falta a razão. Quando se funda algo num contexto ideológico extremamente definido e marcado por correntes anti qualquer coisa; obviamente, por faro e bom senso, querendo que esse algo fundado sobreviva, então temos que nos adaptar a esse tempo. Essa adaptação não quer significar de modo automático a traição às ideias que presidiram à fundação de um projecto; tão só evidenciam a inteligência de quem consegue sobreviver num ambiente hostil. Quando esse projecto encontra base para prosperar e adquirir poder, o mais normal na natureza humana, é recostar-se no sofá, à sombra, e deliciar-se com as vantagens de ter o poder. E ao mesmo tempo esquece-se de que o tempo corre de forma invisível e com ele, vão desaparecendo aos poucos a utilidade das ideias que presidiram ao poder.

 

Quando essa aura de vencedor desaparece e se instala o vazio, o pior que pode acontecer é que esse vazio signifique a divisão em feudos dentro desse projecto. Divisão essa que adensa o vazio e que amarra a vida interna numa espécie de espectáculo romano onde os gladiadores se degladiam à procura do prémio supremo: o poder, de agradar, de se libertarem, de seguirem a sua vida e um dia poderem, quiçá, ter o verdadeiro poder, alicercados numa força seguidora de autómatos cegos que cobiçam os despojos e os lugares livres conquistados.

A tal “redefinição ideológica” não mais é do que um encarrilamento necessário e indispensável, de algo que há muito anda completamente perdido por entre curvas e contra curvas; de guerrilhas feudais sem ponta de interesse, em que a cada estoucada o partido morre aos poucos.

 

Vilnius

2009-10-21

22h58"

 

1ª parte de uma reflexão mais profunda que terá os seus próximos episódios num futuro não longínquo desta data... E já agora, um muito obrigado ao Guilherme por me ter convidado a escrever neste espaço!

LinkUma ideia de Pedro Miguel S.M. Rodrigues, às 23:03  Opinar


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