Quando é que o PSD larga o "SD" e passa a ter "LD" ou um "LC"?
Quando é que o PSD larga o "SD" e passa a ter "LD" ou um "LC"?
Este post vai ser escrito sem preocupação de linguagem, sem preocupação de arranjo gramatical ou de algum tipo de sintaxe que deva fazer sentido; este post será apenas um mero raciocínio sem cessar sobre o que me causa tanta tristeza e revolta neste regime político que nos (des)governa todos os dias, todas as semanas, todos os meses e todos os anos. Sem qualquer tipo de preocupação de rigor jurídico, porque a hora pesa e o sono ganha a sua batalha.
Nos tempos antigos da República Romana, o Direito, o Ius, era criado através da auctoritas dos iurisprudentes, num labor jurisprudencial criativo que se baseava num saber socialmente reconhecido completamente independente de qualquer base ou pressão política. Através da figura do Pretor, o Ius, o Direito, era aplicado mediante o caso concreto, evoluindo com a evolução da sociedade, não ficando preso ou agrilhoado na redoma cristalina da lei escrita. Por outro lado havia a Lex, que através do imperium, o poder político, que, através (maioritariamente) dos Cônsules aplicava as decisões tomadas no Senado ou nos comícios populares. Durante toda a República Romana, o que hoje chamamos de Direito, era criado, aplicado, desenvolvido pelos iurisprudentes que através do seu saber socialmente reconhecido ditavam as regras do jogo jurídico. Do mundo jurídico, para o mundo político, a República Romana "vivia" na base das magistraturas romanas e, concretamente, do cursus honorum. Não havia um único titular do poder político, não havia um governo como hoje em dia conhecemos, não havia Estado como hoje o concebemos e pensamos. Havia cinco magistraturas, todas elas com poderes diferentes, mas todas elas sujeitas a princípios estritamente republicanos romanos: intercessio, poder de veto sobre as decisões dos seus colegas; colegialidade, pelo menos dois magistrados por cada cargo; anualidade, um mandato de apenas um ano sem possibilidade de recandidatura. Era uma construção que se baseava numa ideia muito clara e muito cara aos romanos: a separação entre o ager publicum e o ager privatus, entre o erário público e o erário privado. Através dos mores maiorum, dum costume praticado e reconhecido como válido, vindo de antepassados longínquos e praticado por várias gerações seguidas, a corrupção era vista como um crime grave, dos mais graves da República Romana. Todos os magistrados tinham que prestar contas perante o Senado, antes da eleição e depois da eleição, dos actos cometidos por si; e tribunais ad hoc podiam ser constituídos para os julgar. Assim se vivia na Roma Antiga, nos idos da República Romana.
Em Portugal, a porcaria desta choldra torpe cada vez mais entristece e revolta. Os "donos do Estado Social", aqueles que proclamam a alta voz que vão defender o Estado Social, que o querem proteger das investidas mortíferas de uma qualquer Direita liberal que quer destruir as conquistas do 25 de Abril; são aqueles que destroem o Estado Social que eles próprio construíram e trataram de o destruir com a sua estupidez ignorante. Os velhos raquéticos que enchem colunas de jornais, espaços de opinião, profetizam e disparam das suas bocas para fora autênticos insultos intelectuais ou simples contra toda uma geração de 20 ou 30 anos que vai ter uma mesquina e comezinha reforma só porque esses velhos raquéticos vivem num mundo aparte sem qualquer tipo de ligação com o mundo de hoje em dia. A Politica está tomada pela Lex, pelo imperium, pela corrupção desmedida, gritante e sem vergonha; o aparelho partidário destrói qualquer semente de ideologia pura e de correntes de pensamento que colocam o interesse geral da comunidade à frente dos interesses privados ou partidários. A Política está raptada por bandos à solta de demagogos, de populistas, de desavergonhados que apregoam números fantásticos de consolidação orçamental ou de leilões de dívida carregados de sucesso; quando não passam de um bando de mentirosos que atiram areia aos olhos de um povo enganado durante estes anos todos. A Política está dominada por uma forma de exercício do Poder que não é legítima nem democrática; é o estrume que rodeia a cadeira putrefacta do Poder a contaminar os abutres que a desejam com um sorriso maléfico na cara, que a rapinam à procura de benefícios próprios espalhando a miséria pelo povo e pela classe média que vive cada vez mais estrangulada por políticas completamente surrealistas. Portugal caminha alegre e docemente para o abismo da falência finanenceira e democrática, anestesiada pela nova forma de censura do século XXI nacional: o politicamente correcto. O politicamente correcto quer silenciar as vozes que, desesperadamente, tentam alertar para os perigos da situação actual; o politicamente correcto compõem frases, posts, comentários, perguntas e respostas; o politicamente correcto diaboliza e classifica de "pessimistas", "bota abaixistas", livres pensadores sem qualquer tipo de apego ao Poder e aos benefícios que o seu estrume traz; o politicamente correcto protege os mais débeis, aqueles que vivem do Poder para o servir incondicionalmente sem espírito crítico ou uma alma livre, venderam-lhe o seu espírito para nunca mais serem livres. A (in)governabilidade deste país é atroz da maneira crua e nua como se apresenta todos os dias, com todas aquelas figuras que se pavoneiam num qualquer programa de Televisão, endeusando um Governo que mais não é do que um bando de artistas amadores que só provoca trapalhadas e mais espectáculos; ou endeusando uma Oposição que mais não é do que o prolongamento da incompetência que inunda o Parlamento e os Ministros que fingem ser competentes, mas que não passam de um bando de bem-intencionados (espera-se) que não sabe ao que vai ou o que faz.
Na República Romana, a vida política degradou-se a um ponto de não-retorno quando o luxo se começou a concentrar-se nas mãos de uma oligarquia patricio-plebeia que ocupava, quase sempre, os lugares do cursus honorum ou os lugares do Senado. Eram sempre os mesmos, as mesmas famílias, porque onde há Estado, há corrupção; e onde há corrupção, há Estado. Portugal está num processo acelerado de degeneração bastante parecido com o final da República Romana, valha as diferenças assinaláveis entre períodos históricos. A política nacional está refém da corrupção, do compadrio, do "amiguismo partidário", das lutas de galos para lideranças ou para lugares comezinhos dentro do grupo parlamentar ou nas comissões parlamentares. As discussões parlamentares são um chorrilho de asneiras, de mentiras, de idiotices, de parvoíces, de puro engano contínuo ao povo ignorante e mal-esclarecido, que lá sabe o que é contabilidade pública e contabilidade nacional; que lá sabe que a taxa de desemprego é calculada de duas formas distintas; que lá sabe que o SMN tem diferenças entre países; que lá sabe os arranjos e arranjinhos feitos naqueles corredores e noutros corredores. O descrédito da política é proporcional aos atentados mortíferos contínuos lançados a algo a que se chama "ética republicana". Ética essa que mal consigo entender o que seja, provalvelmente, diz-me a minha ignorância, será mais uma construção ideológica daqueles que posteriormente se serviram das suas próprias concepções ideológicas, para depois a desvirtuarem ao sabor do que lhes mais conviesse. O descrédito da política progride exponencialmente à medida que a mentira se torna um hábito instalado, um mores maiorum moderno na política portuguesa, encorajando os cidadãos, os indivíduos da comunidade, a sentirem-se inúteis porque vêem que o seu voto não ajuda a mudar rigorosamente nada. A partidocracia também não ajuda, quando devia ajudar: vivemos numa permanente esquizofrenia partidária onde o partido que se diz socialista, na verdade nem isso o é; e o partido que se classifica de social-democracia, na prática nem isso é. A esquerda é raquética, antiquada, chata, teimosa e uma inutilidade originária e superveniente: por um lado os comunistas, autênticas cassetes mumificadas no tempo, parados antes da queda da URSS esquecendo-se que nos idos de Estaline e de Mao mataram-se umas quantas dezenas de milhões de pessoas, e que o tipo de economia que defendem simplesmente é, de uma forma atroz, utópica e irrealizável; do outro, os bloquistas, os revolucionários da vida, os insatisfeitos do costume, os defensores do deboche contínuo às tradições de um país quase milenar (um quase bastante grande, há que ser dito), um anti-partido que apenas ganha expressão em tempos de crise, um voto inconsciente de revolta feito de cabeça quente. Do espectro ao lado direito do PSD, um partido supostamente de Direita, mas que na verdade não o é. Direita Liberal não existe em Portugal, ou se existe anda muito bem escondida. Nos idos da República Romana havia dois lados ideológicos bastante bem definidos, não havia cá partidos, havia sim candidaturas individuais e até o magistrado responsável pela Justiça, o Pretor, era eleito pelo Populus Romanun. Se este país à beira-mar plantado quiser que a sua partidocracia viva e sobreviva com pujança precisa de um realinhamento forte e profundo: precisa de uma verdadeira Direita Liberal que seja verdadeiramente liberal; e uma esquerda pujante que seja capaz de aderir a um tipo de socialismo, no mínimo, realista e prático. Independentemente da minha simpatia pessoal, qualquer país, especialmente o nosso, precisa urgentemente de uma clivagem ideológica forte que dê uma oportunidade real às pessoas de escolha. Senão caímos no ridículo de repetirmos os idos finais da Monarquia Constitucional, em que os dois maiores partidos era um único, mas dois supostamente diferentes que, no momento de exercício do Poder, equivaliam-se na sua degenração contínua.
Este País precisa de ser reformulado, de ser reformado, de ser reinventado. A maioria das soluções esbarra com uma Constituição programática, de esquerda, forjada nos excessos marxistas, nos excessos bacocos de uma estupidez instalada, que nenhuma das revisões constitucionais conseguiu expurgar. Não me venham com histórias da carocinha de que a CRP não é o problema, que a sua reforma não é necessária. Não me venham com essas tretas porque a minha paciência para tal é cada vez menor; a CRP é um problema gravíssimo no meio de todos os problemas nacionais. Se se construiu um sistema jurídico em que a CRP surge como o topo de uma pirâmide legal, de hierarquia de leis, então não me venham com tretas ignorantes, ou com mentiras bem colocadas. Sem uma CRP verdadeiramente neutra nas opções ideológicas, dando total liberdade a cada Governo de aplicar as medidas que importam e que interessam, não é possível reformar o que deve ser reformado. Clama-se em altos berros que é preciso proteger o Estado Social, que tem que se preservar essa conquista, que mais não sei o quê. Ora bem, isso para mim é tudo treta, é tudo conversa fiada, é venda da banha da cobra, é puro lixo ideológico. Eu quero lá saber o que se passava em 75 e 76, apenas quero saber como é que o sistema surgiu, e ele surgiu assente em pilares que hoje em dia estão quase a ruir por completo. Proteger e defender o Estado Social não é afirmar, aos altos berros, clamando numa voz sonante e diante da cátedra onde se encontra, que têm que se manter as políticas, que não se pode tocar nas "vacas sagradas" do Estado Social, bla bla bla. Pois é, meus iluminados bacocos e sem noção da realidade, esse é o melhor passo para destruir o Estado Social. Querem reformá-lo a sério? Então mexam nos seus pressupostos de base, adaptando-os a uma realidade mutante que já não tem nada a ver com os anos dourados de 60 e 70 onde estavam as razões para o florescimento desta pirâmide D.Branca que é o Estado Social. As reformas neste rectângulo plantado à beira-mar correm o sério risco de nunca serem levadas a cabo, porque o sistema alimenta-se a si próprio. Como um corpo, rejeita o vírus da mudança utilizando todos os seus anti-corpos para o expulsar: o corporativismo exarcebado impede sempre, de alguma forma, o desencadear e a aplicação de reformas que visam o bem-estar da comunidade no médio/longo prazo. Vivemos num país condenado ao seu suicídio colectivo, que se impede a si próprio de ser reformar e que diagnostica para si próprio a trágica inevitabilidade de entrar em falência continuada. Falência essa que irá matar o sistema democrático, substituindo-o por outro que não faço a mínima ideia que seja.
Não se pode importar o sistema da República Romana, ipsis verbis, mas podem-se importar as suas ideias fundamentais. Uma política expurgada de corrupção, uma política com ética em que o erário público não se confunde com o erário privado; uma política que não se mistura com a Justiça, expressão do Ius e não da Lex. A verdade é um bem e um dom que não deve ser desbaratado invocando-a constantemente, para depois nas suas costas violá-la ferozmente. A verdade é um referencial de actuação, a sinceridade deve ser ingénua porque apenas essa permite comunicar com honestidade à comunidade, explicando-lhe porque deve confiar; formando assim abase de surgimento da confiança que funda o Poder, o bom Poder que não está dependente de abutres que rondam a cadeira putrefacta. Este país está raptado por almas humanas que se acham os donos do regime, que declaram que sem eles tudo voltará atrás, aos tempos sombrios de uma qualquer ditadura deposta e que deu lugar, nos primeiros anos, a histerismos colectivos e ideológicos próprios de uma Nação onde abunda a estupidez e a iliteracia. Este país só se safa quando a meritocracia for uma prática instalada e aceite como obrigatória e boa para a comunidade; onde as crianças se safam na escola devido ao mérito de um trabalho continuado e esforçado, com exames contínuos porque a vida é uma constante avaliação sobre pressão do mundo à nossa volta, e não através de passagens administrativas ou de programas educacionais softs e sem qualquer tipo de exigência. Este país só se safa quando essa entidade estranha de seu nome Estado se aperceber que se tem que comportar de uma forma empresarial, que não pode sempre dar prejuízo, que tem que procurar o lucro, para que através desse lucro a comunidade sinta que vale a pena pagar impostos. Este país só se safa quando a minha geração se der conta do prejuízo que a geração do 25 de Abril lhe está a provocar; este país só se safa quando a minha geração ganhar a guerra que trava, de forma surda, contra aquela geração que edificou um Estado Social que apenas serve aqueles que já lá estão. Este país é para aqueles que já estão dentro do sistema, e não para aqueles que estão fora. É preciso que aqueles que estão de fora se revoltem com força e com vigor para alterar a podridão a que chegou Portugal; esta podridão secante e majestosa na sua degradação moral e política, que causa danos a médio/longo prazo na comunidade nacional.
Posto isto, vêm aí as eleições presidenciais. Não me venham com histórias, com candidatos como estes, que raio vou eu fazer à urna de voto? Contribuir para esta palhaçada contínua com estes actores? Epa que venha uma revolução, uma daquelas verdadeiras, e o mais rapidamente possível!! Esta treta já farta e já cheira mal. Ponto.
A Política deve ser baseada na confiança, confiança da comunidade nos decisores políticos que ela próprio elegeu, acreditando na sua palavra e no mérito das suas propostas. Sem confiança, o palco político transforma-se num feudo de interesses privados que se sobrepõe ao interesse da colectividade, a um feudo onde se sobrepõe os jogos de interesses e as intrigas susurradas pelos corredores.
Um bom governante, um bom político, um bom líder de uma estrutura representantiva, deve ser aquele que fala a verdade a quem o elegeu, a quem ele representa. Deve ser humilde assumindo os seus erros de forma sincera, sem nunca esconder a verdadeira face dos problemas ou as verdadeiras consequências das soluções. Acima de tudo, deve transmitir confiança aos indíviduos que vêem nele um aspirante a defender os seus direitos. Confiança essa que, acima de tudo, baseia a atribuição de poder, ou seja, de responsabilidade, a uma pessoa para que ele ou ela prossiga os interesses da sociedade a que pertence.
No fundo, é a confiança que funda o poder de um líder, e é a falta dela que lhe retira esse mesmo poder. No fundo, um titular de um órgão com responsabilidades deve permanecer apenas e unicamente enquanto a comunidade lhe concede confiança para resolver os seus problemas. Sem essa confiança, sem esse mérito, a detenção do poder torna-se contra os interesses da colectividade, devendo sair e dar lugar a quem o conjunto de indíviduos mostra que tem confiança.
A Política é a mais nobre arte de serviço à comunidade, não pode compactuar com o jogo de interesses, nem com meras politiquices associativas ou ódios pessoais. É um conjunto de direitos que devem ser defendidos que está em causa, direitos esses que estão intimamente ligados à legítima expectativa de uma sociedade, de um conjunto de alunos com legítimas aspirações e legítimas frustrações. Assim, quem detém o poder, quem quer que ele ou ela seja, deve atender única e exclusivamente ao interesse público e nunca aos interesses privados deste ou daquele indivíduo; deve sempre atender única e exclusivamente à defesa do interesse geral, nunca do interesse particular; deve sempre atender ao bem-geral da colectividade, prossegui-lo e melhorá-lo, para que a sociedade sinta que o titular do Poder merece a sua confiança.
Concomitante com estes deveres, o líder político deve ser o referencial da Democracia, do pluralismo e da liberdade de expressão. Deve ser ele ou ela, o primeiro a dar o exemplo, rejeitando qualquer forma de autoritarismo que retire a mais pura das liberdades: a liberdade de expressão e, ligado a esta, a liberdade de participar activamente na vida política da Nação.
Este é outro dos referenciais pela qual a sociedade concede, ou não, a confiança que funda o Poder que o titular do órgão detém durante o seu mandato.
A confiança gera liberdade, a liberdade gera participação política, a participação política maciça gera formas democráticas de actuação e de decisão. Qualquer sintoma de autoritarismo que viole estas premissas fundamentais, afecta profundamente a confiança transmitida pela colectividade e, com isto, põe em cheque a sua actuação como titular de poder que tem como objectivo o bem da comunidade. A Democracia não é um mero cliché político que é brandido como se fosse uma mera bandeira, é um objectivo de actuação, deve ser o referencial do comportamento de cada decisor político munido de Poder. Como tal, deve ser cultivada, seguida e incentivada em cada actuação política que tivermos. Assim, um bom Governo é aquele que deve dar o exemplo, ser democrático e incentivar ao reforço da Democracia, quer no contacto com os indivíduos individualmente considerados, quer com movimentos opostos de contestação.
Um bom Governo, em termos políticos e sendo um dos referenciais de avaliação, é aquele que convive pacificamente com a oposição, que aceita as suas críticas com toda a naturalidade e maturidade democrática e que trabalha afincadamente para lhe retirar todo e qualquer espaço de crítica. Porque, se o faz, e o faz bem, então está a ter um bom mandato e a merecer a confiança concedida pelos eleitores.
Apenas uma reflexão momentânea feita há uns meses que agora redescobri num baú informático